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Pavilhão Pará amplia debates sobre educação ambiental, bioeconomia e turismo sustentável

Segundo dia do Pavilhão Pará consolidou a diversidade cultural, gastronômica e ambiental do estado, reforçando seu protagonismo na COP e mostrando que desenvolvimento sustentável, inovação e tradição caminham juntos na Amazônia

Por Israel Pegado (SETUR)
18/11/2025 21h17

O segundo dia de atividades do Pavilhão Pará Municípios, nesta terça-feira (18), foi marcado por uma programação técnica robusta, que reuniu gestores, pesquisadores e lideranças municipais para discutir educação ambiental, bioeconomia, políticas de baixo carbono e inovação no turismo amazônico. 

O painel “A Amazônia que Educa: Transformação pela Consciência”, com a participação de Marcel Assis (Semas-PA), Manoel Pantoja (secretário de Meio Ambiente de Limoeiro do Ajuru) e Helena Cerqueira (vice-prefeita de Prainha), compartilhou experiências municipais e estaduais na construção de políticas integradas para a sustentabilidade.

Marcel Assis contextualizou a evolução das políticas climáticas no estado. Ele lembrou que “o contexto da política climática do Pará começou em 2020, com a promulgação da Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC)”, que deu origem a novos planos como o Plano Estadual Amazônia Agora. Marcel destacou que o Pará, que figurava entre os estados que mais desmatavam e mais emitiam gases de efeito estufa, passou a projetar uma redução de cerca de 40% nas emissões a partir da implementação da política. Segundo ele, o plano se estruturava em três pilares: comando e controle, regulação ambiental e desenvolvimento de baixo carbono, sendo neste último que a bioeconomia ganhava centralidade.

“A bioeconomia sempre existiu, nossas comunidades tradicionais sempre praticaram. O que o Estado faz agora é evidenciar essas práticas como instrumento de fortalecimento dessas comunidades, reconhecendo soluções baseadas na natureza como motor para manter a floresta em pé”, reforçou Marcel.

Na sequência, Manoel Pantoja apresentou iniciativas socioambientais de Limoeiro do Ajuru, destacando ações de proteção animal, educação e responsabilidade comunitária. Ele afirmou que “todas as vidas impactam as nossas vidas” e explicou programas municipais como o centro de acolhimento e tratamento de animais de rua e a instalação de bebedouros públicos. Manoel ressaltou ainda o papel da educação como eixo transformador. “O meio ambiente pertence a todos nós. O meio ambiente somos nós. Se cada um fizer a sua parte, teremos a vida saudável que procuramos”.

Vice-prefeita de Prainha, Helena Cerqueira

Já a vice-prefeita Helena Cerqueira compartilhou os desafios e estratégias de Prainha para enfrentar problemas ambientais históricos, como o acesso à água potável durante o chamado “verão amazônico”.  Ela explicou que o município desenvolvia, em parceria com a Secretaria de Saúde, um projeto de revitalização da captação de água para consumo humano, além de um conjunto de nove projetos em busca de parcerias durante a COP. Helena afirmou que o objetivo é “construir uma Prainha sustentável dentro da nossa realidade”, reforçando o papel da educação ambiental na formação das novas gerações, trabalhada por meio de disciplinas voltadas ao meio ambiente.

Fechando a programação técnica, a palestra “Força da Pororoca: Natureza, Cultura e Turismo Sustentável”, com Noélio Sobrinho, presidente da Federação Paraense de Surf, apresentou um dos projetos mais inovadores do dia. Noélio anunciou que a Associação Brasileira de Surf da Pororoca (Abraspo) e a Federação levariam à COP o projeto que desenvolve pranchas de surf produzidas 100% com matéria-prima amazônica, em contraponto ao cenário atual, no qual pranchas são feitas majoritariamente de derivados de petróleo.

“Vamos produzir pranchas totalmente naturais na Amazônia. É uma revolução no mundo dos esportes radicais”, afirmou. Ele destacou que o projeto nasceu em 2016, em São Domingos do Capim, e unia natureza, cultura e inovação como pilares do turismo sustentável.

Cozinha Show

A programação iniciou com o chef Arturo Báez, de Parauapebas, que apresentou o tradicional Bregão de Dois, destacando a versatilidade dos insumos regionais e a importância de promover a culinária do interior paraense em um espaço internacional como a COP.

Chef Mariana Favacho, de Barcarena

Na sequência, a chef Mariana Favacho, de Barcarena, conduziu uma das demonstrações mais emocionantes da tarde, preparando o Caldo Gourmet de Cabeça de Gurijuba, receita que resgata memórias afetivas e práticas culturais do território ribeirinho. Mariana ressaltou que cozinhar no Pavilhão Pará simbolizava um ato de representação coletiva.

Espaço Cozinha Show do Pavilhão Pará Municípios

Segundo ela, “não é só um prato que estamos apresentando. É a história de um povo que vive da pesca, das marés, das tradições familiares. Trazer isso para um evento global é mostrar que a Amazônia também se expressa pela comida”. A chef explicou ao público que a gurijuba, peixe amplamente consumido na região do Baixo Tocantins, carrega técnicas de preparo transmitidas por gerações. “Quando cozinho, penso nas mulheres da minha família, nas cozinheiras que vieram antes de mim. É uma responsabilidade e um orgulho enorme representar Barcarena e a gastronomia ribeirinha”, completou.

A tarde seguiu com a participação da chef Luciene Sousa, de Bujaru, que apresentou o prato Reis da Amazônia, combinando sabores que simbolizam força, ancestralidade e identidade regional. Luciene destacou o papel transformador da cozinha como instrumento de visibilidade para cidades menores.

“Representar meu estado não tem preço. É uma sensação que não dá para descrever. Quando estou aqui, trago comigo o nome de Bujaru, trago minha história, trago as pessoas que acreditam no nosso trabalho”, afirmou.

Ela reforçou que a gastronomia amazônica vive um momento de expansão e reconhecimento, e que iniciativas como o Cozinha Show ajudam a fortalecer os profissionais locais. “A gente cozinha com verdade, com ingredientes da nossa terra. É uma cozinha que fala de quem somos”, disse.

Encerrando a programação do dia, a chef Rosileia Ferreira, de Acará, apresentou o tradicional Mingau de Crureira, finalizando o ciclo de demonstrações com um prato marcado pela ancestralidade e pela simplicidade dos sabores que atravessam gerações no nordeste paraense.

Atrações Culturais

A programação cultural completou o dia com apresentações vibrantes nos palcos do pavilhão. O Grupo Cobra Grande do Borralhos, de Santo Antônio do Tauá, abriu as atividades trazendo narrativas míticas amazônicas.

Segundo dia do Pavilhão Pará Municípios

Em seguida, o grupo Encantos do Araí, de Augusto Corrêa, levou danças e expressões tradicionais ao público. Logo depois, Jacy Farias e Nazareno Muniz, de Barcarena, animaram o palco menor com ritmos regionais. O encerramento ficou por conta do cantor Claudio Jr., de Santarém, com um show que uniu música, emoção e identidade paraense