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KA’AZAR: livro dá voz aos guardiões da floresta e reforça alerta climático na COP30

Livro sintetiza a trajetória de organização social e proteção territorial construída pelos Tembé, com apoio de ações de restauração e vigilância ambiental desenvolvidas pelo Ideflor-Bio

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
18/11/2025 22h01

O lançamento do livro “KA`AZAR - Guardiãs e Guardiões da Floresta: pelo Clima e pelo Futuro” marcou a programação da AgriZone, evento paralelo à COP30, promovido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A obra, produzida pela equipe técnica do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), em parceria com indígenas Tembé do Alto Rio Guamá, território no nordeste paraense, foi apresentada durante o painel “O papel das comunidades rurais na Amazônia diante das mudanças climáticas: Como a organização fortalece as ações?”, organizado pelo Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad) e Prefeitura de Paragominas.

O encontro reuniu representantes do poder público, pesquisadores e lideranças indígenas para discutir o fortalecimento comunitário como estratégia de resistência frente às ameaças ambientais intensificadas pelas mudanças climáticas.

Lançamento do livro que nasceu dentro do projeto de apoio à restauração florestal e à proteção territorial na Terra Indígena Alto Rio Guamá

O livro sintetiza a trajetória de organização social e proteção territorial construída pelos Tembé na Terra Indígena Alto Rio Guamá, com apoio de ações de restauração e vigilância ambiental desenvolvidas pelo Ideflor-Bio. Integrante da equipe técnica do Instituto, a analista ambiental Claudia Kahwage, responsável pela organização da obra, destacou que o lançamento ocorre em um momento decisivo para reafirmar a importância do protagonismo indígena na defesa da floresta. 

“Esse trabalho é muito intenso, porque eles enfrentam várias pressões: madeireiros, invasores, agrotóxico. E agora precisam lidar com verões mais severos, que têm provocado queimadas. O livro mostra essa luta, e evidencia que, quando recebem apoio institucional, principalmente equipamentos, eles fortalecem muito a organização”, afirmou a analista.

Proteção da floresta - No painel, a equipe do Ideflor-Bio contextualizou que a publicação nasce dentro do projeto de apoio à restauração florestal e à proteção territorial na Terra Indígena Alto Rio Guamá, executado em parceria com os próprios habitantes locais. A obra documenta os processos comunitários, os percursos de vigilância e as dificuldades enfrentadas pelos guardiões da floresta na contenção de ameaças, como invasões, exploração ilegal de madeira e avanço do fogo — hoje agravado pelo cenário climático mais extremo. A iniciativa, além de registrar a memória da resistência Tembé, busca valorizar a organização coletiva como ferramenta para garantir a continuidade da vida e da floresta.

Segundo a equipe técnica que conduziu a apresentação, o livro funciona também como instrumento político para que os Tembé possam buscar novas parcerias e apoio institucional na COP30. A entrega oficial dos exemplares aos indígenas reforça o compromisso do Ideflor-Bio em assegurar que os próprios guardiões da floresta sejam os protagonistas na defesa de seus territórios. 

“A obra conta essa história e apresenta as dificuldades do combate às ameaças. É uma ferramenta para que eles tenham voz aqui na COP, e possam angariar parceiros e financiamentos para a proteção que já realizam há muitos anos”, disse a equipe do Instituto.

Do Alto Rio Guamá para o mundo - O lançamento de “KA`AZAR” ampliou a visibilidade do trabalho realizado na Terra Indígena Alto Rio Guamá, reforçando que a proteção da floresta só é possível quando as comunidades que nela vivem têm suas vozes ouvidas e seus esforços reconhecidos.

Para Claudia Kahwage, “em meio à COP30, o livro ecoa um recado urgente: apoiar a autonomia e a vigilância indígena é condição indispensável para enfrentar os desafios climáticos que já se impõem ao presente, e moldar um futuro sustentável para a Amazônia”.

Além de organizar o conteúdo, a produção contou com revisão final da analista ambiental Maria Jalva Costa Braga e arte gráfica de Edson Pereira, que deu identidade visual ao livro e contribuiu para transformar o relato dos guardiões em material de referência sobre resistência indígena, vigilância ambiental e justiça climática. O resultado é uma obra que combina memória, denúncia e afirmação de direitos, ao mesmo tempo que celebra a força da organização social Tembé.

Obra completa por meio do link: https://drive.google.com/file/d/1ybQTWYeFF3FQmLuHyQPB-EGZJVpCCo9S/view?usp=sharing