Conservação com justiça territorial marca participação do Ideflor-Bio em painel sobre espécies ameaçadas no Marajó
A discussão ressaltou que a conservação da fauna está diretamente associada à garantia de permanência digna das comunidades tradicionais
A programação técnica da Casa da Biodiversidade e Clima (CASA), na COP30, encerrou com um debate que sintetizou o propósito central da iniciativa: integrar ciência, políticas públicas, clima e os modos de vida amazônicos em prol da conservação com justiça territorial. O painel “Espécies Ameaçadas no Arquipélago do Marajó: conservação integrada e justiça territorial” reuniu pesquisadores, gestores e representantes institucionais para discutir caminhos que fortaleçam a proteção da sociobiodiversidade marajoara.
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) presidiu a mesa, que discutiu a conservação de espécies emblemáticas da Área de Proteção Ambiental (APA) do Arquipélago do Marajó. Entre os temas abordados estiveram o manejo do cairara-kaapori (Cebus kaapori), primata criticamente ameaçado e endêmico da região, a proteção dos quelônios amazônicos e os novos registros de tartarugas marinhas na costa marajoara — indicadores importantes para o monitoramento ecológico e para o fortalecimento de estratégias de conservação integrada em território insular.
A discussão ressaltou que a conservação da fauna está diretamente associada à garantia de permanência digna das comunidades tradicionais. Os painelistas reforçaram que qualquer política ambiental voltada ao Marajó precisa reconhecer o protagonismo de povos ribeirinhos, quilombolas e extrativistas, que atuam como guardiões históricos dos ecossistemas locais. Essa abordagem, segundo os especialistas, é indispensável para enfrentar pressões como desmatamento, pesca predatória e mudanças climáticas.
Vale destacar, ainda, que o Projeto BioFoz compôs a programação e anunciou que pretende inventariar diversos grupos de fauna na região da Foz do Rio Amazonas, desenvolvido pela Universidade Federal do Amapá (Unifap).
Com moderação do gerente da Região Administrativa do Marajó do Ideflor-Bio, Hugo Dias, o painel reuniu a analista ambiental do Ideflor-Bio, Dra. Priscila Fonseca Ferreira, Klebson Demelas Maurício (Centro Nacional de Primatas / CNP - Ministério da Saúde) e Renato Richard Hilário (Unifap), além de representantes da Vale, Instituto Tecnológico Vale (ITV), Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) e outras instituições parceiras. As contribuições destacaram avanços recentes em pesquisas, monitoramentos e articulações institucionais que fortalecem a gestão territorial no arquipélago.
Para Hugo Dias, o debate simboliza um compromisso que vai além da programação da COP30. “Falar de espécies ameaçadas no Marajó é falar das pessoas que vivem com elas, que dependem dessas florestas, rios e campos naturais. Conservação só se sustenta quando garante futuro para a biodiversidade e para as comunidades que a protegem todos os dias. Nossa atuação no Ideflor-Bio reafirma esse caminho, unindo conhecimento científico e justiça territorial”, afirmou.
