Adepará e Mapa realizam capacitação para técnicos que atuam no combate à mosca-da-carambola
Atividade reuniu 90 participantes de onze regionais da Agência de Defesa
Principal polo produtor de laranja do Pará, o município de Capitão Poço, no Nordeste paraense, sediou, nesta semana, o segundo treinamento de 2025 destinado a técnicos que atuam no monitoramento e combate à mosca-da-carambola nas regiões do Marajó, Nordeste paraense e Transamazônica.
A atualização faz parte dos esforços conjuntos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para fortalecer as ações de defesa vegetal e garantir a fitossanidade da produção de frutas no Estado.
Situação da praga no País e novas diretrizes
Entre os temas apresentados, ganhou destaque o panorama nacional da praga, exposto por auditores fiscais do Mapa. O chefe do Serviço de Inspeção e Fiscalização de Insumos de Sanidade Vegetal da Superintendência Federal de Agricultura no Pará (SFA/PA), Wagner Xavier, detalhou o Manual de Monitoramento e Controle da Praga, apresentou o painel nacional de acompanhamento e explicou as normas atualizadas que incorporam novas tecnologias ao programa.
Segundo o auditor fiscal federal agropecuário, o treinamento também busca uniformizar procedimentos e ampliar a participação das equipes. "As reuniões nas regionais de Santarém, Capitão Poço e Marabá têm o objetivo de envolver os técnicos que atuam diretamente no monitoramento e no combate da praga. As atualizações das normas são essenciais para uniformizar o trabalho, viabilizar a comercialização e garantir a exportação dos produtos do Estado", destacou.
Ele lembrou ainda que o êxito da fruticultura brasileira no mercado externo também depende deste trabalho. "O Pará mantém mercados abertos graças ao monitoramento constante. A exportação de manga, uva e laranja no País como um todo também se sustenta nas ações realizadas aqui no Norte", frisou.
Resultados do monitoramento no Pará
O gerente do programa estadual de erradicação da mosca das frutas, fiscal agropecuário Adalberto Tavares, apresentou os resultados das ações desenvolvidas no Estado, reconhecidas recentemente como uma das melhores práticas agrícolas do Pará. Segundo ele, o encontro reuniu representantes de onze Gerências Regionais e 50 Escritórios Locais, totalizando 90 servidores.
“O objetivo foi alinhar orientações, revisar normas técnicas e atualizar as equipes sobre a legislação do Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-Carambola (PNEMC). Esse momento fortalece a padronização e a eficiência das atividades de defesa agropecuária”, afirmou.
Mudanças climáticas e dispersão da praga
O impacto do clima na dispersão da mosca-da-carambola também foi discutido. O engenheiro agrônomo e fiscal agropecuário da Adepará, Vandeilson Belfort Moura, apresentou sua tese de doutorado intitulada “Eficácia das Medidas de Controle Fitossanitário na População Declínio da Mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) nas Condições Climáticas da Amazônia Oriental”. O estudo analisa o foco registrado em Oriximiná e os efeitos das mudanças climáticas sobre o comportamento da praga.
“Vivemos uma emergência climática e fitossanitária. A fruticultura é altamente sensível ao clima, e já observamos alterações na epidemiologia de doenças devido ao aquecimento global”, explicou.
Educação sanitária e novas metodologias
A educação sanitária como estratégia essencial para envolver produtores e comunidades foi tema da palestra da fiscal agropecuária Gabriela Cunha, que atua na Gerência de Educação Sanitária da Adepará. Intitulada “A Fronteira Invisível: como a Educação Sanitária sustenta o sistema de defesa fitossanitária frente à Mosca-da-Carambola”, a palestra destacou a importância de metodologias participativas para ampliar a conscientização.
Novas ferramentas de monitoramento
A Diretoria de Defesa e Inspeção Vegetal também apresentou a nova Planilha Digital que será utilizada para registrar os dados de monitoramento. Josivan Tenório, da área administrativa da Agência de Defesa, demonstrou a ferramenta e tirou dúvidas dos participantes.
Após eventos em Santarém e Capitão Poço, a próxima reunião técnica será realizada em Marabá, contemplando as regiões Sul e Sudeste do Estado.
Manutenção dos Polos Citrícolas
O Pará é o sétimo maior produtor de laranja do País. Somente em Capitão Poço, são 19 mil hectares de área plantada. O pólo citrícola da região nordeste engloba ainda os municípios de Irituia, Ourém, Garrafão do Norte e Nova Esperança do Piriá.
A mosca-da-carambola está presente nos Estados do Amapá, Pará e Roraima. No Pará, encontra-se sob controle oficial em Monte Dourado (Almeirim).
A diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel, reforçou a importância do trabalho que vem sendo executado. "A presença da praga nesta região impacta diretamente o pólo citrícola de Capitão Poço. Cada ação de monitoramento é essencial para manter a economia local", frisou.
No município de Capitão Poço, os citros movimentam a economia. Nos packing houses, a laranja passa por processos de lavagem, polimento, classificação e embalagem, garantindo um produto higienizado e padronizado para o consumidor.
“A laranja de mesa precisa desse processo de higienização. É uma exigência do mercado e também do consumidor acostumado em consumir um produto com essas características ”, explicou o agente fiscal agropecuário da Regional de Capitão Poço, Roosevelt Olortegui.
