Primeira equipe do "Projeto Arquipélago: Medicina da Uepa em Ação no Marajó" recebe certificação
Projeto proporcionou a vivência dos desafios e das potencialidades do SUS na realidade amazônica, evidenciando a importância do trabalho dos profissionais de saúde em comunidades vulneráveis

Promover atendimento e educação em saúde às comunidades vulneráveis e ribeirinhas da Amazônia. Este foi o foco do Projeto Arquipélago: Medicina da Uepa em Ação no Marajó, realizado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps), em parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa), e a prefeitura do município de Soure.
Nesta segunda-feira, 18, foi realizada a cerimônia de certificação da primeira equipe que participou da ação, no auditório da Unidade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Ueafto), no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), em Belém. O Projeto Arquipélago proporcionou a vivência dos desafios e das potencialidades do Sistema Único de Saúde (SUS) na realidade amazônica, evidenciando a importância do trabalho dos profissionais de saúde em comunidades vulneráveis.
O projeto é coordenado pelo professor de Medicina do CCBS, Napoleão Braun, e pela servidora técnica e coordenadora pedagógica Alessandra Raiol. Napoleão Braun detalhou que a finalidade do projeto é levar estudantes do curso para atuar em regiões no interior do Pará. Acompanhados por preceptores do próprio município, os participantes desenvolveram ações voltadas à atenção primária à saúde, foco do projeto, realizando consultas e encaminhamentos para especialistas da Uepa, para atendimentos presenciais ou por telemedicina, para outros órgãos do SUS, palestras, atividades de educação em saúde e prevenção de doenças, tanto na zona urbana quanto na zona rural de Soure.
Nesta primeira etapa, participaram 10 alunos, sendo oito de Belém e dois do curso de Medicina de Marabá, cursando entre 7º e o 11º período dos dois campi, selecionados por meio de edital. De acordo com a coordenação do projeto, a avaliação foi muito positiva, tanto do ponto de vista do aprendizado para os alunos quanto da contrapartida para o município de Soure, com a realização de cerca de 500 atendimentos à população.
Participaram da solenidade o reitor e a vice-reitora da Uepa, Clay Chagas e Ilma Pastana, o prefeito de Soure, Paulo Victor Lima, a secretária municipal de saúde de Soure, Iasmyn Lima, a representante do Ministério da Saúde, Lena Peres, o diretor e vice-diretor do CCBS, Emanoel Sousa e Smayk Sousa, Arthur Aguilar, diretor de Políticas Públicas do Ieps e a secretária adjunta de Estado de Saúde, Heloísa Guimarães.

Segundo o diretor do CCBS, Emanoel Sousa, o projeto qualifica a formação médica, oferecendo vivência ao aluno de medicina em áreas remotas que podem influenciar a futura fixação de profissionais no interior, além de garantir acesso imediato à saúde em territórios com baixa cobertura médica e encaminhamentos por telemedicina, como o Saúde Digital da Uepa. A próxima etapa do projeto deve ocorrer ainda neste semestre.
A secretária Heloisa Guimarães ressaltou a importância do projeto para o desenvolvimento e segurança da saúde no Estado do Pará, além de somar para a trajetória do estudante. "A certificação do projeto é um avanço, ainda mais por ser algo definitivo no currículo dos alunos, a aproximação com a realidade situacional, o que realmente eles vão entender e aprender com o início da vida profissional. Então, a gente vê esse grande avanço na parceria múltipla, onde o grande beneficiado é o cidadão de regiões mais distantes", disse.
De acordo com o reitor da Uepa, Clay Chagas, "a Universidade é o centro da produção do conhecimento, onde se faz ciência. A técnica nunca será maior que a ciência, mas ambas caminham lado a lado. Parabéns a todos pelo desafio assumido! A Universidade está à disposição e pronta para apoiar os projetos de extensão. Humanizar é o que nos torna melhores profissionais".
Arthur Aguilar, diretor de Políticas Públicas do Ieps, destacou a satisfação da parceria com a Uepa no Projeto Arquipélago, com a primeira turma de dez alunos levando atendimentos à população de Soure. “O Projeto Arquipélago une formação médica e acesso à saúde, ajudando a reduzir desigualdades em regiões carentes como o interior do Pará". Aguilar lembrou que, embora o Brasil forme cerca de 50 mil médicos por ano, regiões como o interior do Pará contam, em média, com apenas 0,5 médico por mil habitantes, o que reforça a importância da iniciativa para diminuir desigualdades no acesso à saúde.
O estudante de Medicina, Bruno Vilhena, relatou que o Projeto Arquipélago lhe proporcionou vivenciar de perto os desafios do SUS no contexto amazônico, especialmente em comunidades em situação de vulnerabilidade, alinhado aos princípios de universalidade, equidade e integralidade. Segundo ele, mais do que conhecimento técnico, o período de imersão na realidade da saúde pública de Soure, no arquipélago do Marajó, ficará marcado pela lembrança dos momentos de zelo e comprometimento com as populações que dependem do SUS, reconhecendo que tratar a doença é apenas uma dimensão de um cuidado em saúde que também abrange aspectos psicológicos, sociais e econômicos.
Texto: Diane Maués (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS)