Custodiados do Pará assinam mobiliário da Vila COP
Móveis da Vila COP30 carregam o selo da reinserção social e da mudança de vida
As obras realizadas em Belém para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em 2025, vão muito além da infraestrutura. Entre os legados deixados para a cidade está o impacto humano gerado por iniciativas que unem trabalho, capacitação e novas perspectivas de vida.
Há quatro meses, 25 Pessoas Privadas de Liberdade (PPLs), custodiadas na Unidade de Custódia e Reinserção do Coqueiro (UCRC), trabalham na confecção e montagem de quase 3 mil móveis que compõem o mobiliário da Vila COP, espaço que abrigará lideranças e delegações de todo o mundo. A iniciativa integra o programa “Construindo Novas Histórias”, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), e simboliza a prática concreta da reinserção social por meio do trabalho.
O secretário de Estado de Administração Penitenciária, Coronel QOPM Marco Antonio Sirotheau Corrêa Rodrigues, acompanhou de perto o processo de produção e montagem do mobiliário, nas oficinas de marcenaria instaladas na UCRC e nos espaços da Vila dos Líderes.
“São quase 3 mil móveis produzidos nas nossas oficinas e montados com a mão de obra carcerária. Esse é mais um exemplo de que a reinserção pelo trabalho muda a realidade de todos nós, ampliando a segurança pública por todo o Pará”, declarou o secretário.
Para Sirotheau, a reinserção social é o caminho mais sólido para transformar vidas. Ele destacou o simbolismo de ter o trabalho prisional presente em um evento de relevância mundial. “Eles estão ajudando a construir um evento que projeta Belém para o mundo. Reinserção social não é discurso, é prática. Nós acreditamos na mudança e estamos trabalhando para torná-la realidade”.
O diretor de Trabalho e Produção (DTP) da Seap, Belchior Machado, ressaltou o protagonismo das equipes nas obras estruturantes realizadas pelo Governo do Pará para a COP30. “Estamos em todas as obras que são basicamente estruturantes, não só para a COP, mas para a cidade de Belém em si e para o estado do Pará”, afirmou, lembrando que custodiados também atuaram em projetos como o Porto de Outeiro e Nova Doca.
Desde 2019, o número de custodiados envolvidos em atividades laborais cresceu de 1.600 para 5 mil, resultado direto da política de reinserção e qualificação profissional da Seap. “É um trabalho muito importante porque o trabalho prisional garante remissão de pena, qualificação profissional e também renda aos familiares dessas pessoas. Mais de 600 custodiados estiveram presentes nessas obras estruturantes para Belém e para o Pará. O trabalho prisional contribui de forma sobremaneira para a reinserção social”, destacou o diretor.
Além da renda e da remissão de pena, os programas oferecem capacitação em diferentes áreas, de marcenaria e elétrica a hidráulica e pintura, ampliando as possibilidades de recomeço.
“Nós temos essas qualificações todas no sistema prisional, e também na limpeza e manutenção daquelas obras que já foram entregues. além da pintura, da confecção de imóveis e de diversos outros equipamentos públicos”, completou Belchior.
O gerente de segurança da Seap, Lucas Pantoja, acompanha o grupo nas obras e observa a evolução técnica e pessoal de cada custodiado.
“Muitos chegaram aqui sem saber nada sobre marcenaria, nada sobre montagem. E a gente foi ensinando. Eles têm aprendido, se capacitado com novas funções, e a gente tem visto que se empenham nessa missão”, contou.
Texto de Márcio Sousa
