Seirdh entrega Comenda Maria Aguiar para mulheres com legado de luta e resistência
Honraria reconhece trajetórias femininas que fortalecem a igualdade racial e a preservação das tradições afro-amazônicas
Dando continuidade à programação alusiva ao Dia da Consciência Negra, a Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh) realizou, na tarde desta segunda-feira (17), a entrega da Comenda Maria Aguiar, honraria que reconhece mulheres que se destacam em diversas áreas de atuação e que seguem fortalecendo a luta histórica por direitos, equidade e valorização cultural.
A cerimônia contou com a participação de representantes de movimentos sociais, lideranças comunitárias e familiares da homenageada que dá nome à comenda. A entrega ocorreu no mesmo dia em que o Governo do Pará realizou, pela manhã, uma série de ações históricas voltadas às comunidades quilombolas, entre elas a assinatura, pelo governador Helder Barbalho, do decreto que institui oficialmente a Comenda Maria Aguiar.
Segundo a secretária da Seirdh, Edilza Fontes, a assinatura do decreto garante a continuidade da homenagem nos próximos anos. Ela também anunciou que será instalado um busto de Maria Aguiar na passagem que leva seu nome, em Belém.
"Eu estou feliz. Quero anunciar que vamos construir o busto de Maria Aguiar em frente à passagem que leva o nome dela. A ideia é que esse busto seja um marco simbólico e de referência ancestral, fortalecendo a cultura e preservando a memória desta grande liderança”, comentou.
Segundo a secretária da Seirdh, Edilza Fontes, a homenagem representa não apenas reconhecimento, mas também a continuidade de um legado. Ela anunciou que novas ações serão lançadas no próximo ano. "Pretendemos inaugurar esse espaço, que será um local de oração, de referência ancestral e de fortalecimento da cultura de matriz africana”, comentou.
Ao todo, 20 mulheres foram agraciadas com a comenda, em reconhecimento histórico de suas trajetórias. Entre as homenageadas está a professora Sandra Guimarães, reconhecida pelo trabalho no projeto de extensão “Letramento Racial”, voltado ao enfrentamento do racismo por meio da educação antirracista. Para ela, o reconhecimento reafirma a responsabilidade e a urgência da causa.
“Eu fico feliz e honrada pelo reconhecimento do meu trabalho. Quem atua no antirracismo sabe que é uma luta constante, e eu, como educadora, vejo a educação como a via para enfrentar esse sistema de dominação tão perverso. Acredito na construção de uma sociedade onde ninguém morra ou perca oportunidades por causa da sua cor. Esse é o país democrático e sem racismo que eu sonho”, afirmou.
Liderança religiosa e símbolo de resistência cultural
A antropóloga Anaíza Vergolino, convidada para apresentar a história da homenageada, ressaltou a importância do reconhecimento público da contribuição de Maria Aguiar. Segundo ela, o momento representa um marco simbólico.
“Esse é um momento ímpar. Maria Aguiar é um exemplo paradigmático da vinculação entre carisma, rede de relações sociais, poder e resistência. Sua atuação se tornou um logradouro público, e hoje ela recebe este reconhecimento por meio da Comenda da Seirdh”, destacou.
Além da homenagem oficial, a solenidade também concedeu uma menção honrosa ao bisneto da líder religiosa, Pierre Azevedo, antropólogo e produtor cultural. Ele destacou que o reconhecimento público ajuda a preservar uma memória historicamente silenciada.
“É fundamental preservar a memória, sobretudo a de mulheres que fizeram, lutaram e resistiram em tempos tão difíceis. São lembranças que muitas vezes são subjugadas ou deixadas de lado, mas que revelam, cada vez mais, a importância da memória construída pelas pessoas, não apenas a memória oficial do Estado ou das instituições”, enfatizou.
Durante o evento, também foram realizadas apresentações de tambores com os Potmas, roda de capoeira e uma feira de empreendimentos de mulheres negras.
Com este evento, a Seirdh reafirma o compromisso do Governo do Pará com políticas públicas voltadas à igualdade racial, ao fortalecimento das comunidades tradicionais e à preservação das tradições que fazem parte da vida e da identidade dos paraenses.
