Curupira de crochê, flor de jambu e chocolate da floresta encantam em feira da Emater na COP30
São 16 mulheres e um homem de cinco municípios: Belém, Ananindeua, Augusto Corrêa, Barcarena e Santa Bárbara
O curupira, mascote da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Emergências Climáticas (COP30), evento que ocorre em Belém, está se tornando cidadão do mundo pelas mãos de artesãs atendidas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater). Produto destacado na feira de agricultura familiar promovida pelo órgão estadual na Agrizone, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no bairro do Marco, a versão em crochê já foi adquirida por visitantes da Alemanha, Coreia do Sul e Suíça, entre outros países.
“É uma saída impressionante. Vendemos quase todos logo de primeira e agora estamos confeccionando sob encomenda. Os estrangeiros ficam deslumbrados, e com razão: dedicamos história, arte e tradição, com a assinatura legítima da Amazônia”, relata a artesã Alessandra Ataíde, de 53 anos, moradora do bairro da Cidade Nova, em Ananindeua, na Região Metropolitana. Pequenos (15 cm) ou grandes (28 cm) e coloridos, com preços que variam entre R$ 60 e R$ 160, os bonecos servem de souvenir, artigo de decoração ou brinquedo.
Na mesma prateleira e também em crochê, o “açaizito” diverte com um caroço de açaí sorrindo: “Sou atendida pela Emater há cinco anos e posso afirmar, com toda a segurança e gratidão, que a Emater me ajuda a realizar sonhos: transformar inspiração e ideia em arte palpável e participar de muitos eventos, como a COP, com projeção internacional”, diz.
A agricultora Ana Paula Soares, de 47 anos, igualmente de Ananindeua, mas do bairro de Águas Lindas, calcula que suas vendas na COP têm somado mais de 200% de lucro. Os carros-chefe são flor de jambu em conserva e geleia de jambu: “Com a Emater, fizemos curso de gestão empresarial, marketing digital; aprendi a precificar e a contextualizar meu trabalho. Eu me sinto parte da cadeia do desenvolvimento sustentável, porque o jambu sem agrotóxicos vem da agricultura familiar, reciclo os vidros que muitos clientes retornam, ajudo a fortalecer a cultura alimentar amazônica”, celebra.
Feira - A Feira da Emater funciona de 10h às 18h, com acesso livre, na instalação “Comida, Tradição e Cultura”. O estande é parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e com a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf).
São 16 mulheres e um homem de cinco municípios: Belém, Ananindeua, Augusto Corrêa, Barcarena e Santa Bárbara.
De acordo com a veterinária Karine Sarraf, supervisora adjunta do escritório regional das Ilhas, da Emater, os valores praticados apresentam-se até 40% mais baratos, em comparação aos mercados convencionais.
“São geleias, biojoias, cerâmicas, bombons artesanais. Um universo de produtos especiais, com valor agregado e significado inerente a sistemas agroflorestais, bioeconomia, economia solidária, preservação da natureza e das tradições”, aponta a especialista em Saúde Pública, especialista em Gestão de Agronegócios, com Ênfase em Agricultura Familiar e mestra em Inspeção Sanitária.
Outros oportunidades de consumo sustentável dispostas ali são a famosa “farinha de Bragança”, com certificação e IG (indicador geográfico de origem), e o chocolate gourmet da Transamazônica.
A marca “Cacau Xingu”, por exemplo, do município de Brasil Novo, oferece barras diferenciadas, com “terroir” (conjunto de características e fatores ambientais e culturais) Floresta Amazônica e Xingu, que decorre em misturas com babaçu, café, castanha-do-pará, cumaru e o inusitado puxuri - semente aromática considerada a noz-moscada da Amazônia.
“A Emater existe na nossa vida, no nosso empreendimento familiar, há mais de 40 anos. É uma existência compartilhada. Sempre nos deu assistência. Somos a primeira marca da nossa região a obter o Selo Nacional da Agricultura Familiar [Senaf], em 2024, pelo MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar], e os primeiros, ainda, a conseguir o selo de inspeção de produto vegetal da Adepará [Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará]”, salienta a empreendedora Jiovana Lunelli, de 55 anos.
Serviço: Feira da Emater na COP30
Agrizone - sede da Embrapa (Trav. Enéas Pinheiro s/n, Marco, Belém).
Espaço “Comida, Tradição e Cultura”
Acesso gratuito e livre
Aceitos cartão de crédito e débito, dinheiro e pix
Horário: 10h às 18h
Até 21 de novembro
Texto: Aline Miranda (Emater)
