Sedeme promove debate sobre descarbonização e transição energética na COP30
A proposta é investir em soluções que integram inovação tecnológica, o potencial energético local e infraestrutura existente, aliadas a instrumentos regulatórios
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) promoveu, na tarde desta quarta-feira (19), no Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30, o painel “Descarbonização do Setor de Energia: Caminhos para a Transição Energética Justa”. O evento integrou a agenda de debates da Secretaria, e teve como objetivo promover o diálogo entre representantes do setor industrial, governo, especialistas em energia, academia e sociedade civil.
A proposta foi explorar soluções que integram inovação tecnológica, potencial energético local — hidrelétricas, solar e biomassa — e infraestrutura existente, aliadas a instrumentos regulatórios que impulsionam a transição para uma matriz mais limpa, resiliente e de baixo carbono, promovendo um modelo de desenvolvimento sustentável.
Entre os painelistas estiveram o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, Paulo Bengtson; o secretário-adjunto de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade, Rodolpho Zaluth Bastos, e o executivo corporativo de Meio Ambiente da Equatorial Energia do Pará, Ivan Aragão. A programação foi mediada pelo coordenador de Gestão de Recursos Energéticos da Sedeme, Gabriel Cardoso.
Transição - Paulo Bengtson disse que o processo de descarbonização tem potencial para impulsionar um modelo de desenvolvimento industrial sustentável, capaz de gerar emprego e renda, e fortalecer a preservação ambiental e o crescimento econômico. “O modelo de transição energética que o Pará tem mostrado ao mundo não exclui setores produtivos. Ao contrário, fomenta o desenvolvimento econômico sustentável, gera oportunidades e valoriza as comunidades locais”, afirmou.
Para assegurar uma transição energética justa e segura, a Sedeme estrutura ações em quatro pilares: planejamento energético, formulação de políticas públicas, concessão de incentivos fiscais e estímulo a fontes de baixo carbono.
Sobre incentivos fiscais, Paulo Bengtson ressaltou que a atual gestão já oferece modalidades para empresas que utilizam energia renovável, garantindo maior pontuação e apoio do Estado. A Sedeme também direciona incentivos a empreendimentos alinhados à matriz energética de baixo carbono.
Economia limpa - O Pará avança na expansão do gás natural, na implantação de energia limpa e no desenvolvimento de projetos de biogás e biometano. Essas iniciativas ampliam o aproveitamento de resíduos e impulsionam a transição para uma economia mais limpa, reafirmando o compromisso do Governo do Pará em reduzir emissões, promover sustentabilidade e garantir qualidade de vida às futuras gerações.
O titular da Sedeme também ressaltou que o Programa de Inclusão Socioeconômica (PIS), iniciativa do Governo do Pará, gerida pela Sedeme e executada com apoio da Equatorial Energia, ”tem como objetivo levar energia elétrica a áreas rurais e remotas que ainda não são atendidas pelo serviço convencional, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e para a melhoria da qualidade de vida da população paraense”.
Dados - Entre 2019 e 2025, o PIS já beneficiou mais de 12 mil famílias em 75 municípios, com investimentos superiores a R$ 155 milhões, ampliando redes elétricas em regiões isoladas e reduzindo o uso de combustíveis fósseis.
“Precisamos avançar na transição energética, garantindo a instalação de uma indústria que gere valor e renda, mas que também leve energia firme, acessível e segura para as populações. Muitas comunidades esperam há anos por energia contínua. Um projeto de energia renovável, para nós, é antes de tudo um projeto de inclusão, capaz de impulsionar desenvolvimento produtivo, fortalecer cadeias comunitárias e assegurar condições dignas de vida”, disse o secretário-adjunto Rodolpho Zahluth Bastos.
O executivo da Equatorial Energia, Ivan Aragão, apresentou as diretrizes do Projeto de Interligação de Usinas Dieselétricas no Pará, que visa substituir a geração a diesel pela integração ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Trata-se de um esforço contínuo para conectar localidades isoladas, garantindo energia mais estável, sustentável e economicamente viável, além de reduzir emissões de gases de efeito estufa.
“A Equatorial Pará mantém um programa de desativação de usinas termelétricas a diesel em comunidades isoladas, conectando-as à rede nacional, majoritariamente baseada em fontes renováveis. A expectativa é que, até 2027, sejam reduzidas cerca de 400 toneladas de emissões de poluentes. A iniciativa envolve não apenas a empresa, mas também o trabalho conjunto com entes federativos. Ao se interligarem, os municípios ampliam seu potencial de desenvolvimento local”, destacou Ivan Aragão.
Ele destacou que estados como Pará, Amazonas e Roraima ainda possuem usinas térmicas a diesel, e reforçou que, à medida que os municípios passam pelo processo de licenciamento e se conectam ao SIN, surgem novas oportunidades de crescimento e fortalecimento socioeconômico.
A engenheira ambiental Andreia Gonçalves marcou presença no painel, e ressaltou que já vem participando de outros encontros semelhantes. Em entrevista, ela explicou que “o objetivo de estar aqui é ouvir as diretrizes do governo, da indústria e de outras instituições para compreender quais serão os posicionamentos e ações frente ao desafio da descarbonização. Essa temática é hoje o principal caminho para reduzir as emissões de CO² e, consequentemente, promover um desenvolvimento mais sustentável”.
